terça-feira, 29 de outubro de 2019
olha
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
flores
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
sábado, 19 de outubro de 2019
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
no momento em que escrevia
poema
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
te escrevo para que lembre
faca cega, fé amolada
mas sinto muito
com insistência
terça-feira, 15 de outubro de 2019
felizes dias
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
tudo o que fizemos são memórias
não me arrependo por não me desculpar
tudo o que fizemos são memórias
me desculpe por não voltar atrás
mas nem você e nem ninguém voltaria
e nos entendemos nessa parte
e não precisamos nos desculpar
para nós mesmos e para ninguém
tudo o que fizemos são memórias
Cólera
eu era poeta desde sempre
escrevo poemas como falo e respiro
durmo e bebo
as vezes as palavras são engolidas
e todo o relatório um teste de memória
aguardei todos os indícios nos olhos sobre os segredos do poema
eu me repito e as pessoas me olham estranhamente
os poemas são antídoto e veneno
e eu não posso negar que respiro novamente
sábado, 12 de outubro de 2019
Tânia
era festa todos os dias
quantos parabéns faríamos?
cantava o coro
muitas felicidades
como se aquilo entrasse na alma
Tânia me pediu que fizesse um mantra
disse da força das palavras
e eu concordei
fechei os olhos e pediu que imaginasse um lugar
eu estava em uma praia deserta
na pedra de uma praia larga
eu podia ver o azul e as ondas
ela me perguntou do emaranhamento
e eu não soube responder ainda
eu disse que me sentia diferente
ela porquê
eu também me faço perguntas
e acredito em nossa energia
na força do mar imaginado por mim
e na areia das horas
quinta-feira, 10 de outubro de 2019
um brinde à vida
tenho gostado
bem devagarinho
de olhar a vida
a minha vida
com o amor
que há em mim
é bem possível
que os outros
tenham me conhecido
sem tamanho amor
me ouvido dizer
da tristeza maior
sobre ela
eu falarei sempre
mas nesse instante
eu quero falar de amor
desse amor que eu guardei
para brindarmos
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
sobre memórias do Boa Pinga
e continua a dizer que estavam distantes
que sentia a sua presença sem atenção
ele me dizia que compraria o meu livro
perguntou se eu conhecia o poeta
e o poeta estava de pé
eu disse dos pés à cabeça
e nós sorrimos e brindamos
eu fui para casa com meu ex
ele me levou até a escada
e eu pedi que pegasse um Uber
nós nos despedimos sem despedidas
enquanto eu ajeitava o cabelo
eu escrevia um poema
dali eu levaria o presente
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
graça
eu levo a sério os poetas
mas ainda acho graça
de tudo isso
assim me divirto
com os poemas e os poetas
eu fico descontraída
e posso descontar
minha linguagem
alguém há de buscar entender
e se não houver entendimento
ainda haverão os poetas
e a graça dos poemas
título de um poema
sei que não conseguiria
falar meu nome
em voz alta e ainda a vontade
assim como eu
em público você evitaria me olhar
enquanto fala e fuma
enquanto eu te olharia nos olhos
enquanto falo e fumo
decido não ser invasiva e desvio
a conversa e o olhar
você entraria como antes
em algum lugar
que não estivesse trancado
você trancaria as portas
eu abriria a janela e calcularia
o tamanho do voô
você faria uma música
sobre despedida
seria o mais perto
que chegaria do meu nome
estrondo
mesmo
que o poema breve
te conte sobre a vontade
e sobre o olho do vulcão
ainda seríamos insanos
ainda nada
seria bastante
e eu insisto novamente
mais uma vez
é como se falássemos
o tempo todo
e esse silêncio
esse silêncio estrondoso
ainda será breve
domingo, 6 de outubro de 2019
poderia repetir de novo e não precisaria dizer mais nada
um pouco arrogante
e a minha fala mais polida
talvez eu devesse escrever
o melhor poema
eu insisto nisso
eu vivo para escrever
um poema que me bastasse
que me fizesse repetir
eu elaboro o poema
eu enfeito de palavras os poemas
e talvez eu tenha ficado mais robusta
e a minha voz um tom afiado
eu falo e as pessoas pedem que eu repita
sexta-feira, 4 de outubro de 2019
memórias
falo
por nós
como se fôssemos
aqueles que descendem
dos astros
as sutis estrelas amareladas
a natureza
nos assombra
e nos arrasta
para além das aparências
descobrimos
cobrir com as pestanas
nossos corpos em febre e tirania
descrevo
teu rosto
sem exatidão
revelo
esse espelho vulto
assume que somos os filhos amados
nossa boca
uma cor amarga
nossa sinfonia
de dar dó o silêncio
ainda podemos correr sem os pés
pertencemos
às vontades
alheias
sobrevivemos
e ainda vivos
mortos
dentro de papéis guardados
terça-feira, 1 de outubro de 2019
o amor bate é na porta
se não for o amor
eu não sei o que poderia
te salvar desse medo
é que a vontade de enfrentar
o amor é aquela grandeza
que tanto espera
mas acho que ficou tanto tempo
sentado em um quarto abafado
que duvida da força das pernas
e que lá fora a vida corre
aqui dentro o coração
têm escolhido
se vale a pena bater
mas à sua porta ele levanta
e veste a roupa mais descolada
e você não atende
você fechou até os ouvidos