domingo, 9 de dezembro de 2018

puta que me pariu

eu to cansada dos poetas
e eu achava que não era
que não seria um deles
mas eu também to nessa
de saco cheio dos poetas
e eu que tenho útero
de saco cheio dos poetas
de suas falas piegas
de um jeito de recitar
como quem se declara
uma nova era
os antigos e novos poetas
tudo ultrapassado
tudo adiantado
é tudo poesia pra caralho, buceta

3 comentários:

  1. https://www.youtube.com/watch?v=nxTUla_ehJ8

    :-)

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  2. Quando Freud cunhou o termo pulsão ("Trieb") ele o tomou emprestado da termodinâmica -- Lacan mais tarde iria desenvolver o conceito para além do gênero -- sexualidade é termodinâmica. Dois séculos mais tarde ainda resumimos pulsão, sexualidade e poiesis através de gênero... estamos endurecidos formalmente. É sempre bom lembrar do caso de Safo, cujo trabalho resume-se a um poema ainda íntegro e todo o resto em fragmentos... Hölderlin também escreveu muitos fragmentos. Ambos ao seu modo não estavam muito preocupados com sua atualidade, com o costume do seu tempo -- também não buscaram perpetuar-se. Então onde deviam ficar, temporalmente, se tanto refutavam a atualidade do seu tempo e sua sociedade sempre venal, bem como aspirar utopias
    ou sonhos sustentados no pilar de alguma eternidade. Para que servem os poetas em períodos civilizados?, já disse Platão. Seu excesso ou escassez, sua maravilha ou tédio são agudos sintomas sociais que só mais tarde coalescem. São os poetas que fundam as cidades, para exatamente serem expulsos delas. E por que quereriam ficar? Parafraseando William Blake que disse que o caminho do excesso leva ao saber, acredito que o caminho inverso (não é bem inverso), do esvaziamento voluntário, também gera uma dinâmica semelhante. Talvez hoje nossa maior contribuição para a poesia seja essa terrível constatação de que somos perigosamente os mesmos. Por sorte temos poetas em nossa tradição que jamais foram poetas. Talvez a pior coisa para um poeta nos dias de hoje é um poeta que tenha a visibilidade de sua "obra" e de seu tempo. A mais admirável nos poetas é o seu desinteresse (desprezo até) pelo mundo e o estado das coisas, imperturbável pelo dias, meses e anos -- toda essa matéria prima de desgaste, não precisamos da pureza nem da impureza do branco porque não precisamos de qualquer virgindade.


    Maidenhood by Sappho (630 – 570 aC, Lesbos, Greece)


    Do I long for maidenhood?
    Do I long for days
    When upon the mountain slope
    I would stand and gaze
    Over the Ægean's blue
    Melting into mist,
    Ere with love my virgin lips
    Cercolas had kissed? [...]


    um abraço

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  3. você é sua própria mãe, gyzelle


    nossa, ainda sei escrever seu nome haha

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