quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
mania
"man..."
manicômio share br
dizem que estou doente
talvez um estágio
de loucura
? insensatez
uns vícios
na revista falaram
de compromisso
"mania de achar que
o mundo é colorido"
quando é turvo
"se quer estar bem"
então acho que
estou mesmo ruim
sei lá,
eu disse que não
mesmo assim
é difícil atingir
o patamar de entendimento
quando falo
sinto que ouvem
não,
quanto aos médicos
desisto,
é como desconsiderar
contrariando
o que digo
não,
dessa vez
não abro mão
pra dizer tchau
esse tipo de intervenção
eu não participo
dessa vez
não,
é isso que digo
estão me ouvindo?
é só um estágio
permitido
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
é o meu lençol, é o cobertor
sinto muito novamente
sinto tudo esvair
esvair é uma palavra que deriva de um estado das coisas que se perde, ou se encontra, depende da ótica, ou. significa mais um pouco do tudo
quando o “leite está derramado” da teta, no ladrilho, depende muito é como se estivesse tomado ruma mas ainda perdido faz de conta que é a barata numa metamorfose vendo do corpo esvair. outra carcaça imagina outro destino é como se fosse assim.
e tudo se perdeu
aí é demais, deixo essa parte pro final
agora mentaliza a dor pra ver se sente, se lembra ou se consegue sentir pela primeira vez depois de muitas
não deixa essa dor voltar ao teu corpo. deixa ela fora desse assunto, mas não esquece que existe em ti. existe e por mais que não sintas é capaz de imaginar, pois isso basta para que te toques
“sinto muito”
*De mais ninguém, Marisa M. Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão
tua cara
segunda-feira, 29 de janeiro de 2018
amor trocados
como Bukowski já dizia a vida é um buraco no chão olhando pra cima,
vestida de saia espero que me olhe o mundo de dentro,
como num sonho de uma noite de verão, teu rosto pintado na parede da cozinha,
uma santa erguendo as mãos, tenha piedade dos pés gelados,
parece que não vai ter fim desde o início, mas temo apenas a porta sem ninguém batendo
é descuido pertencer ao seu lado, depois que o sol surge em meados de fevereiro
sabemos dos vinhos, do calor, da falta de algo lá dentro,
do buraco, da dor
é descuido amar sozinha,
sexta-feira, 26 de janeiro de 2018
pensou que não estivesse acordada
porque dormira enquanto plantava flores verdosas e tomates no quintal
Tua rede estendida ao sol
bradava feito o vento ninando Teu corpo
foi Tua boca que me disse as palavras de amor que jamais encontrara em livros de poesia
hoje só escuto Teu som
AM recitado no café da manhã
faz mais de anos que sonho Teu rosto
achando lugar nas Tuas entranhas
como recém nascida
flores e tomates colhidas e picadas
é bom dormir sob o Teu alcance
ao sonhar Teu rosto
digo boa noite às entrelinhas
riscadas no céu
Tua boca colada ao travesseiro
bom dia,
Lua
Gozo do mar
Gozo do mar
Gosto do meu cinzeiro amarelo
do gosto de pirulito napolitano na boca
as flores ao redor
o cigarro queimando
enquanto escrevo
Gosto do cheiro de cinza
dos telefonemas
a conversa que ainda não tivemos
sobre banalidades
Gosto das repetições
os compromissos
o roçar dos seus pés ao chão
Gosto das estações
do modo como me conduz
da poesia na boca
e no coração
gosto de muita coisa
Gosto do gosto de gostar de você
de gosto das coisas gostosas
o som do mar
gosto de gozar
Antes que me esqueça
Chegou a hora de escrever a ti
É bem verdade
O coração respira,
Levei a palma ao peito e te sussurei
Pude perceber teu rosto e os gestos,
Toquei teus verbos
Mas não recordava teu nome
Verdade que te lembro até pelo susto
Feito pelo coração
Mesmo que apagado pareça
Estar algum vestígio de ti
Foi quando o assunto principal
Entrou por teu ouvido,
Falei como quem te conhecia
Verifiquei no registro se constava
Memória do que falamos
Visto que as bocas em transe
Fossem línguas íntimas
Foi bem quando o coração
Assumiu o controle,
Parou,
Quis te escrever
Teus passos
as coisas criadas
as coisas deixadas por mim,
Um pouco da ventania
que seja verão
ou um acesso de raiva de riso
Sopro vento e o silêncio
Depois vou andar
tomar café na pia na sala
mais uma volta
O vento
é tudo que peço Senhor
E mais silêncio
não importa o que digo
se peço o vento é tudo que peço
Perdão
Não importa se digo,
Teus passos na porta,
as coisas criadas por nós
Suspiro
extintores
não matem as abelhas
etc
deixem as moscas dormirem
sob a folhagem
o copo molhado
secou uma lágrima no rosto
e os baldes conservam pés
pode ser que amanhã não esteja
tão quente
pode ser um dia ameno
a mais
meu irmão a estrada é demais
o sangue é quente feito o dia
de hoje e amanhã
mas pode ser que esfrie
mas escrevo poesia
e por isso deito todos os dias
sem remorso durmo
a cruz é vermelha e pesada
e nossas costas curvadas
nossos Paes a mesa
discutimos sobre nós mesmos
é quando procuro lugar
você fica bem aí
durmo e sonho acordada
a terra me pesa sob os pés
a terra é ouro marrom
as vezes ouço histórias
e as ouvimos cantar as preces
deito no canto da cama mas não
durmo dessa vez
fica bem aí
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
De paixões corri como se foge da tempestade como a natureza castigando a própria terra
De leveza das asas dos anjos e dos chifres dos bodes um amuleto um afago no cangote que o tempo reservou a mim
Pouco sei das folhas que verteram acesas no quintal da infância inscrita no verão do meu sorriso
Mas aguardo no Brasil terra árida e mestiça que tanto amei no presente
Serei eternamente esse chão que me cobre de melosidade
Os nomes adicionados ao dicionario as missas deuses extraterrestres
Corri das baratas de fobia de amor como se fossem elas assustadas
Assisto as novelas pessoalmente
Leio beiços e gestos grandiosos
Corri ao mar ao tentar morrer e boiei como sereia o meu castelo foi de areia os reis serviram meu café as massas além dos pratos andavam ao meu lado feito se fôssemos todos cozinhar
Serei eternamente essa terra bendita sois esse chão que pisas essa areia do castelo
(...)
Venho a nós sem medo
um coração pequeno
tão pequeno
mal cabe o poema
mal cabe a cor do mapa
dos líquidos as capas
o coração citado nas prateleiras nas colunas nos montes
Oh baby a vida vai te ensinar
o coração soca o corpo
as veias sabendo quem tu és o que procura
bom poder sair de manhã e chá entrar e sair
saber a hora de dormir
mesmo o coração não dormindo
aprendi a fechar os olhos
sob as mãos uma borboleta ensaia o pouso a morte e alegria
as vezes fui
as vezes vou e não voltei
as vezes fico
tenho certeza que a praia ao longe existe e bate
e há um lugar tranquilo pairando feito os olhos
domingo, 7 de janeiro de 2018
ouvindo sua voz e o violão
the sky os pássaros
"hoje tem muita nuvem pra ir até a praia mais próxima"
suor ao redor do peito
as histórias de um planeta atordoado
gratidão por mais um dia
por você tocando a mim
enquanto toca o violão
"preciso entregar o trabalho"
talvez não seja hoje
o avião indo através de outro destino
além de nós só nós
tudo vai se acertar
acordei e a cidade também
19.12