domingo, 27 de março de 2016
anseio
sexta-feira, 25 de março de 2016
zona de confronto
docas e becos
ouvido em teu peito
viaduto
teu pulso
eu pulso
e escuto
ruído de uma caverna
muro esmurro
intervenção
sábado, 19 de março de 2016
ato I
nem sei mas há um sono
de vida de erguer o corpo
um sopro no meio do peito
parece doença
prazer ou falta de sorte
levanto
piso gelado um copo meio vazio
as portas trancadas
o gato parece de ressaca
e as buzinas do lado de fora
a essa hora
por quê, meu deus?
quase rezo
só ajoelho pra chupar
nem sei mas há um sono
de vida de erguer o corpo
giro a chave
duas voltas
mais duas
são quatro e vinte
faço mais um
acordo
com a vida
volto
quarta-feira, 16 de março de 2016
botes em terra de afogados
a rigidez dos braços e vértebras
os estalos dos ossos
mãos metódicas
à procura de algum espaço oco
de uma cicatriz aberta
pra assustar os meninos
aqueles tão próximos ao sol
que não permitem armaduras
e fogem às ruas
a fissura do meu descaso
quanto a boatos e náufragos
entre o asfalto e as grades
de manifestação
as veias do pescoço em evidência
o escárnio
essa pureza feroz
pune qualquer indício de tu
atentado
segunda-feira, 14 de março de 2016
não sei se você ainda me lê
se me percorre ágil com os olhos
ou recorda do agito desses lábios secos
como se fosse confissão
cada travessão em desconforto
e as vírgulas
os pontos que nada justificam
só te botando em busca
à procura e toda minúcia
detalhada em arte de rua que você não
vê
mal sei se ainda me lê
mas estou transfigurada num esboço
todo instinto marcado na pele em tinta
torcendo os nós que a mudez traduz
no almejo de não passar despercebida
entre cada ponto que você sequer nota
virei mais uma distração
enquanto sua face não se inclina
coração imóvel sem sinal de vida
as rotas
me segue
anota
os pneus em uivo e o muro rima
a poesia como um guia
terça-feira, 8 de março de 2016
verso mínimo
desaprendi a desbotar os danos
riscar a pele em lâmina
escrever cartas compridas
por amores inéditos
não sei cumprir tratados
romper enganos
pois a desordem me conduz
como um guia turístico
assim por ruas distintas
dentro de vagões insalubres
a escrever poemas rudes
breves
algo conciso
falta
mas já não sei se consigo