Descobri que remetente é a cor do céu no inverno
Quando a lua fica cheia de nós e desaparece
Mas há uma avenida cheia de passageiros
Fugindo daqui dessa gente desenganada
Dessa espécie que inventa o amor mesmo que o verbo amar
Tenha sido usado tantas vezes que até tenha perdido o significado
Bares lotados e há um trocado pra mais uma dose de percas
Eu também me perdi mas quando as nuvens se chocam
O choro é coletivo na hora mais cheia do dia
A lua permanece inteira e estou perdida sim achando que o horário de Brasília
Não regula o medo do tempo
Não é de chuva que temo quando o cinza
Pinta as cores dos seus olhos de verniz
Só enfrento as horas a mais no calendário
E inalo um pouco de mim pra ver se fujo de nós na garganta
Perdi os sonhos no canto da boca e a vontade de dançar
Com o inverso no peito da caneta
Versos sobre o carteiro que fugiu dos correios
Me deixando assim entregando olhares alheios
Estamos interpretando o desespero
Achando perda em cada tampa sumida de cabeça
Não me deixa esquecer de você recitando poesia sobre suas manias...
Eu te perdi mesmo sem nunca ter nem o direito autoral ao seu nome cotidiano
É tudo isso um engano
Enquanto o rádio também inventa de chorar conosco no banho
Mas quem tem paciência pra choro quando o coro de indivíduos
Soa despercebido e a gente ouve os zumbidos do mundo
Querendo respirar um pouquinho
Minha rima está perdida dentro da tampa da caneta
No cheiro da sua camiseta indo embora antes que eu me desse conta
De que perdi a hora e as conta dos passos de volta pra casa sozinha
Eu perdi até a vontade de continuar essa poesia...