quarta-feira, 16 de abril de 2014

Ensaio XX

No fundo, bem no fundo
Eu preciso de um poema recitado sem pressa de acabar
Um carinho que só cale
O barulho que atrapalha a minha paz
Eu gosto de sorrisos que suturem os pontos
Recém costurados das feridas que transporto
Quero prosa e poesia sem técnica
E morangos expostos ao sol na feira de quinta
Uma gordurinha na barriga, livro de bolso debaixo do braço,
O suor traçando caminho pela coluna, mistérios da língua,
As unhas da mãos roídas até o limite, pés feios
Só preciso guardar esse segredo de todos, marujo
Ser tão durona machuca às vezes
Mas dá para suportar se as ondas não quebrarem
O que já está estilhaçado
Ou se o moço que vende rosas não descobrir
Meu olhar dócil de primavera
Pois vai querer roubar
Oh, rapaz, eu tenho tão pouco!

5 comentários:

  1. Bom dia Gyzelle.. pois discordo de vc mocinha..
    a poesia com técnica é bela demais ou eu que seja chato tvz srs mas não consigo escrever nada sem métrica.. e olha que tenho 40 obras e todas as rimas se fazem presentes..
    sobre as unhas nem se fala.. é a primeira coisa que olho em uma mulher e se for francesinha até ajoelho.... mas roídas é o fim srs
    pagaria a manicure certamente.. te desejo um lindo dia ótima escrita como sempre

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  2. Samuel, gosto de simplicidade, porém não desmereço as coisas que não são simples, principalmente a poesia, que pode vir de qualquer jeito, até em branco, eu admiro.

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    1. Não foi uma critica ok Gyzelle.. vc escreve lindamente e espero que assim continue.. o que importa é expressar sempre o sentimento verdadeiro que tens ótimo feriado

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    2. Eu sei, Samuel, nunca deixe de expor sua opinião! A poesia está aqui para isso...

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  3. teu poema me lembrou de um trecho do livro abaixo, um abraço.

    Niels Lhyne by Jens Peter Jacobsen [chapter 5]

    Parents, sisters and brothers, neighbors and friends — none of them ever said a word that was worth listening to. Their thoughts never rose above their land and their business; their eyes never sought anything beyond the conditions and affairs that were right before them.

    But the poems! They teemed with new ideas and profound truths about life in the great outside world, where grief was black, and joy was red; they glowed with images, foamed and sparkled with
    rhythm and rhyme. They were all about young girls, and the girls were noble and beautiful — how noble and beautiful they never knew themselves. Their hearts and their love meant more than the
    wealth of all the earth; men bore them up in their hands, lifted them high in the sunshine of joy, honored and worshipped them, and were delighted to share with them their thoughts and plans, their
    triumphs and renown. They would even say that these same fortunate girls had inspired all the plans and achieved all the triumphs.

    Why might not she herself be such a girl?

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