terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Copo sujo

Calça suja, boca suja, copo sujo e alma imunda. Vida encardida, ela só quer me foder e eu não posso fugir. Casa bagunçada e um coração de merda, entregue às moscas. Coço o saco e o café aguado de ontem desce rasgando, um quadro maldito me faz lembrar do que a cana me fez esquecer, corro pro bar. Volto fodido e fedendo. Abro a porta; uma, duas, três, fecho. Apelo para a geladeira que se encontra vazia e logo sei o que há, eu sou como aquela geladeira, frio, vazio, mas cheio de espaços entupidos de mágoas. Lavo as mãos; um, dois, três, enxague, limpo. Não tão limpo, ainda sujo. Entrego-me ao choro engasgado, quebro a última taça que foi herdada de um parente insuportável, a vergonha estampada rotula a derrota de ser um nada, de estar nessa casa mal pintada, vivendo de solidão pois a minha própria companhia é um porre. Toc-toc, o som da noite chega, a cama me olha, eu olho para ela... Nosso romance é certo.

2 comentários:

  1. Boa tarde Gyzelle.. perfeita.... me fez lembrar de cada poesia que fiz na minha obra boêmio.. o copinho na mão nos faz sentir bem assim.. um nada.. esta tua liberdade de dizer o que pensa é fabulosa.. já peguei bem pesado em muitas coisas.. meio que choca as pessoas que acham que poetar é só falar de amor.. adoro o amor .. mas ele vem sempre acompanhado dos opostos.. falar de loucura, de morte, bebida, tristeza, amor, tudo é poesia..
    realmente a vida fode bunito com a gente que se atreve a poetar..
    grato pelas tuas palavras.. a inspiração graças a Deus esta sempre a mil.. e que ela continue assim.. e a tua tb.. mantenha-se neste caminho de palavras que vais longe.. até sempre

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  2. É sempre bom estar cheio de inspirações, seja ela sobre o amor ou a cachaça, tudo é poesia. Agradecida

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