Hoje sonhei com seus olhos
e a cor desse mundo insano não fazia sentido
através da vidraça íris furta-cor
ecos cotidianos
padeço pelo vácuo de vida deixada
a ponta pés gastos
No sonho a realidade pulsou seus lábios
procurando brados de amor
mas as amídalas rompidas de medo
impediram a voz embargada
de rasgar o silêncio
Tenho medo de acordar
abro os olhos
o escuro os devaneios
a insônia canta seu choro
intacto de solidão
Hoje sonhei
e ao acordar quero morrer dormindo
tocar teu beiço
e alimentar a ilusão
No meu sonho tentei amá-la
e consegui tão profundamente e acordada
esse calor chamusca as vértebras
desse corpo machucado
quero viver esse sonho interrompido
pela eternidade de uma lágrima na boca
Hoje as memórias dormidas
te vivo todas as noites sonhando
E deixo de sofrer
a realidade de ter você
somente dentro de um papel borrado
do vazio sentenciado de saudade
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