Como de clichê o céu era um borrão cinzento,
Lama das estrelas.
As flores campestres se diluviando
Por entre meus dedos,
Queriam escapar daquele tristonho fim.
Tocava um lúgubre réquiem
Tão afoito e desajeitado quanto a platéia,
Fazendo uma litúrgica homenagem ensaiada.
Olhos - mãos - barriga - corpo, a tremer
Um coração estático,
Certeza de que não irá mais agonizar.
Falsas lágrimas a rolar de órbitas profundas,
Apodrecidas orações ao cadáver,
Alívio pela vida,
Lamentos pela morte.
Quando viva a pobre alma amada não foi
Hoje, estagnada, é fortemente idolatrada
Mofina beleza que foi deixava.
Em vida morria de fome para perder gordura,
Enfim caveira, oh! Formosura.
Todos de preto lamentando o respeito à mortícia
Eu, de vermelho, a contemplar o meu amor
Funéreo romance,
Seu pálido rosto me deixou absorto.
A lápide em chamas borbulha, era alérgica a flores
Ela é minha rainha, veja a sua coroa!
O caixão desfila, deslumbrante
Perfeitamente envernizado
O show da agonia finalmente chega ao fim
Estou distante dela, cravada ao chão como planta
Com o término que sempre almejou:
És flor
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