Poeta, professora, pesquisadora e mestranda em Literatura, Cultura e Contemporaneidade na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), tendo sido contemplada com a bolsa FAPERJ nota 10. Pesquisadora de arquivos pessoais de escritores, em 2020 foi contemplada com a bolsa de Pesquisa de Conhecimento Técnico e Científico na Área da Cultura pela Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), onde trabalhou com o arquivo de Sebastião Uchoa Leite a partir do projeto "Sebastião Uchoa Leite e a poesia contemporânea". Atualmente, ingressou no doutorado da PUC-Rio com o projeto de pesquisa de diários dos autores Foed Castro Chamma e Walmir Ayala, salvaguardados pelo Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB). Publicou duas obras poéticas: O que fizemos das nossas delicadezas (2021), que teve duas edições e Amante (2019). A poeta carioca formou-se em Letras-Licenciatura pela PUC-Rio em 2019.
sábado, 24 de fevereiro de 2024
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024
Sacopã
Vislumbro a paisagem, olhos
ao fundo de uma lagoa
Alaga-nos à fronte
de saudade
De braços estendidos, silhuetas
eretas de desejo revestidos
Aponto para
a casa – um só corpo
Para onde vão os barcos?
Neste lago sequer
percebo o fim
Vejo-o infinito. A nós. Infindando-o.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
marulho
no rosto a cicatriz do mar
a marulhar o som
atrás do vidro
[vidrados os dois
glóbulos oculares
ocultos
empalhados os corações
nas mãos de uma canção
viúva –
mergulhar
na vibração que os braços
do mar afunda
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024
titubeios
não me assusta
ter falhado com os títulos
e que os meus poemas
não tenham sido os escolhidos
não tenho mágoa que não possa
ter sido sangrada.
apenas nas mãos a lava
sórdida e revestida da alma
que pouco resguarda a não ser
o véu das desgraças.
nunca abandonei o rosto
que um dia me assoprou
o mistério do mundo
ainda no berço
nunca falhei ao soletrar
o próprio nome enquanto engasgava.
12 fev 2024
Estou novamente com Ayala, cruscificada ao seu lado. Soube desde o princípio que éramos criados um para o outro. Que nos precipitaríamos a recriar a morte. Ele me nubla, perverte. Soube que seríamos uma solidão única antes do som das aves. Assim como as cores das purpurinas, o Amor nos enfeita. Soube desde o início que estaríamos desgraçados pelo Amor. O que é isto que você carrega nas mãos? Gostaria de perguntá-lo
[se não soubesse ser a tinta azul da caneta de ontem. O ontem não havia nós, não como hoje. Não este gosto de um Amor que nunca saberíamos traduzir.
domingo, 11 de fevereiro de 2024
minibio
Gyzelle Góes é poeta, professora, pesquisadora, capista e mestranda em
Literatura, Cultura e Contemporaneidade na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Atualmente, ingressou no doutorado da PUC-Rio e pesquisa arquivos pessoais de autores salvaguardados pelo Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB). Publicou duas obras poéticas: O que fizemos das nossas delicadezas (2021) e Amante (2019). A poeta carioca se formou em Letras-Licenciatura em 2019.
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024
II
tudo o que leio teu é como se
fosse a primeira mordida
eu te chamo para jantar
à luz dos olhos
nós comemos berinjelas
e poderíamos jurar que os peixes
morrem –
e se tornam arroxeadas
as suas barbatanas
há quanto tempo você não faz as malas?
toda vez é como se
eu não te conhecesse
você é um completo estranho
você se apaga
você é uma notícia inédita
dentro do televisor
te vejo e você parece aquelas
caixas dentro de caixas
dentro de caixas
[vazio]
o que você deixou
domingo, 4 de fevereiro de 2024
empinar pipas
I.
Cavar na terra o sítio
onde eu possa te segredar
com gestos e sem segredos
onde enterrei o meu desejo
E que possamos ter a intimidade
de brincar com os nossos olhares
como dois adolescentes
a empinar pipas
II.
Ter o céu somente para nossos
rostos elucidarem onde
a felicidade termina
Um sítio na terra onde poderíamos
ser como dois adolescentes
a empinar pipas
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