domingo, 29 de abril de 2018
Grão
Foi tangendo sentido que cheguei às palavras
.
Foi chegando à praia, discreta, uma longa margem. Juntando um punhado de letras, transcrevia o sentimento movediço, arenoso, mas fiquei imensa de sentir carinho, e quando se tem carinho, faz pouco sentido e mais sentir indefinível
.
Como se pode chegar às palavras sem definição?
.
Foi então que pude tocar. É que as mãos, em concha, desfalecia e de seguro só as letras grudadas, e se pensar que o que fica é a cicatriz
.
A poesia para nós é como uma cicatriz
.
Rocei ao corpo a poesia inteira que me feria de modo carinho
.
Diante da planície que me descrevia, descobri que bem descrito, se me lançasse aos grãos, chegaria não a um sentido por fazer, existir ou
(...)
Mas por que me sentia invadida de tanto que dizia, e desejava enterrar não apenas
o corpo móvel. Mas a voz (...) Por imensidão e silêncio
.
De repente fosse capaz de encontrar uma garrafa na areia da praia, e ali pudesse rasgar o verbo. Desenterrar um baú de nomes e me denominar E s pa lh a da. Montar um castelo, de palavras, e numa onda, sorrir ao desmontá-las
.
Como se pode descrever a praia grão a grão? Descobri uma cicatriz na palma da mão
.
Foi que ainda, fissurada, decidi que existia e fazia e
(...)
Desenterrar dizer sentir invadia, era que muita luz e quentura, expor
meu corpo imóvel. Meu sal meu desterro
.
Ardia, pelo sol, areia, o sal a lágrima, corria feito aresta borda do rosto)
.
Fragmentos de um sentimento desbotado. Serei eu parcela dessa praia sem nome?
.
Até a cicatriz não somos nós. Mas nos é
.
Tanta coisa a se dizer, e a ferida seca. Tudo um pouco é feito de grão
.
No fundo, nem mesmo sequer a gente parte. Há aquele sonho de morrer na praia, dentro da praia, como um grão, feito mensagem ao mar, macio feito carinho
.
Sinto que sentir me invade, e esse sentimento não posso dizer, por mais que tente, por mais que há
.
Não se separa as ondas, nem o sal do sal, e as vezes engole a gente o sentido, feito se não pudesse dizer. Mas a voz (...) Por imensidão e silêncio
.
De repente fosse capaz de encontrar vestígio
.
A praia
.
Imagina uma cidade inteira de areia e tu grão dessa cidade
.
Faz momentos que é tanto carinho de fazer sentir carinho. As mãos, tão carinho, de fazer afeto, assim feito as ondas, roçando na areia roçada
.
Os líquidos, os bares. De me afetar de tamanho imenso. À vista aquela luz caída, inebriada, o bar e a ressaca. Translúcida. Foram alguns choros ancorados às garrafas, as bocas aguardadas
.
As mensagens me levavam ao outro continente, porventura esquecido, uma cidade profunda
Inconsciente
.
Cheguei onde imaginara. A praia inteira ferida, e de um lago a outro era por imensidão e carinho. Silêncio. O corpo mobilizado
.
Foi então que toquei. Tu enfiado inteira em mim, conduzida, de carinho, uma praia intangível de grão e ondas Som e ar Era decerto que respirava existir mergulho, de tanto mergulho
.
Era uma vez que chegar e ser a praia imensurável de tão tanto. Fosse capaz de dizer diria Silêncio
.
Conduzia a praia, o corpo imobilizado. Por tamanha imensidão e carinho, e quando se há carinho é mais sentir indefinível. Por imensidão e silêncio
.
Talvez fosse capaz de encontrar resquício
.
Chego à praia o mar ao longe, guiada por um frrenezi o encontro)
.
Deito ao longe, rodada pela fundura do oceano à espreita
.
A ponta do sol e a ponta do cigarro
.
A areia e os joelhos, coloridos
.
Ao canto uma vaga poça de mar e céu
.
Estou à margem. E me transborda lama de sal e gosto de calor
.
O castelo fora demolido de primeira, na onda pedaço de memória pela água que escorre. As conchas estilhaçadas no corpo de areia, a ponto de sarar no mais profundo fragmento
.
A praia inteira, distante, acho que fugi pra longe onde a terra finca sob as palmas e os tecidos deslizam através da energia sol e ar
.
O mar escoa pelos dedos
.
Uma moça vestindo verde flutua e quebra os quadris as ondas. "Sou das profundezas. Mergulho."
.
O mar e a boca, o mar me engole
.
À terra vista encontro a moça contemplar o vai e vem nostálgica, a lembrar de quando, na infância, afogou de boca aberta, engolindo o medo
.
A areia banhada de grãos puros. Caminho ciente de que fujo a praia me inunda)
.
Fincada na areia, o sol estirado, junto ao céu e a boca enfim colados)
perífrase: frase ou recurso verbal que exprime aquilo que poderia ser expresso por menor número de palavras
.
Foi chegando à praia, discreta, uma longa margem. Juntando um punhado de letras, transcrevia o sentimento movediço, arenoso, mas fiquei imensa de sentir carinho, e quando se tem carinho, faz pouco sentido e mais sentir indefinível
.
Como se pode chegar às palavras sem definição?
.
Foi então que pude tocar. É que as mãos, em concha, desfalecia e de seguro só as letras grudadas, e se pensar que o que fica é a cicatriz
.
A poesia para nós é como uma cicatriz
.
Rocei ao corpo a poesia inteira que me feria de modo carinho
.
Diante da planície que me descrevia, descobri que bem descrito, se me lançasse aos grãos, chegaria não a um sentido por fazer, existir ou
(...)
Mas por que me sentia invadida de tanto que dizia, e desejava enterrar não apenas
o corpo móvel. Mas a voz (...) Por imensidão e silêncio
.
De repente fosse capaz de encontrar uma garrafa na areia da praia, e ali pudesse rasgar o verbo. Desenterrar um baú de nomes e me denominar E s pa lh a da. Montar um castelo, de palavras, e numa onda, sorrir ao desmontá-las
.
Como se pode descrever a praia grão a grão? Descobri uma cicatriz na palma da mão
.
Foi que ainda, fissurada, decidi que existia e fazia e
(...)
Desenterrar dizer sentir invadia, era que muita luz e quentura, expor
meu corpo imóvel. Meu sal meu desterro
.
Ardia, pelo sol, areia, o sal a lágrima, corria feito aresta borda do rosto)
.
Fragmentos de um sentimento desbotado. Serei eu parcela dessa praia sem nome?
.
Até a cicatriz não somos nós. Mas nos é
.
Tanta coisa a se dizer, e a ferida seca. Tudo um pouco é feito de grão
.
No fundo, nem mesmo sequer a gente parte. Há aquele sonho de morrer na praia, dentro da praia, como um grão, feito mensagem ao mar, macio feito carinho
.
Sinto que sentir me invade, e esse sentimento não posso dizer, por mais que tente, por mais que há
.
Não se separa as ondas, nem o sal do sal, e as vezes engole a gente o sentido, feito se não pudesse dizer. Mas a voz (...) Por imensidão e silêncio
.
De repente fosse capaz de encontrar vestígio
.
A praia
.
Imagina uma cidade inteira de areia e tu grão dessa cidade
.
Faz momentos que é tanto carinho de fazer sentir carinho. As mãos, tão carinho, de fazer afeto, assim feito as ondas, roçando na areia roçada
.
Os líquidos, os bares. De me afetar de tamanho imenso. À vista aquela luz caída, inebriada, o bar e a ressaca. Translúcida. Foram alguns choros ancorados às garrafas, as bocas aguardadas
.
As mensagens me levavam ao outro continente, porventura esquecido, uma cidade profunda
Inconsciente
.
Cheguei onde imaginara. A praia inteira ferida, e de um lago a outro era por imensidão e carinho. Silêncio. O corpo mobilizado
.
Foi então que toquei. Tu enfiado inteira em mim, conduzida, de carinho, uma praia intangível de grão e ondas Som e ar Era decerto que respirava existir mergulho, de tanto mergulho
.
Era uma vez que chegar e ser a praia imensurável de tão tanto. Fosse capaz de dizer diria Silêncio
.
Conduzia a praia, o corpo imobilizado. Por tamanha imensidão e carinho, e quando se há carinho é mais sentir indefinível. Por imensidão e silêncio
.
Talvez fosse capaz de encontrar resquício
.
Chego à praia o mar ao longe, guiada por um frrenezi o encontro)
.
Deito ao longe, rodada pela fundura do oceano à espreita
.
A ponta do sol e a ponta do cigarro
.
A areia e os joelhos, coloridos
.
Ao canto uma vaga poça de mar e céu
.
Estou à margem. E me transborda lama de sal e gosto de calor
.
O castelo fora demolido de primeira, na onda pedaço de memória pela água que escorre. As conchas estilhaçadas no corpo de areia, a ponto de sarar no mais profundo fragmento
.
A praia inteira, distante, acho que fugi pra longe onde a terra finca sob as palmas e os tecidos deslizam através da energia sol e ar
.
O mar escoa pelos dedos
.
Uma moça vestindo verde flutua e quebra os quadris as ondas. "Sou das profundezas. Mergulho."
.
O mar e a boca, o mar me engole
.
À terra vista encontro a moça contemplar o vai e vem nostálgica, a lembrar de quando, na infância, afogou de boca aberta, engolindo o medo
.
A areia banhada de grãos puros. Caminho ciente de que fujo a praia me inunda)
.
Fincada na areia, o sol estirado, junto ao céu e a boca enfim colados)
perífrase: frase ou recurso verbal que exprime aquilo que poderia ser expresso por menor número de palavras
grão: fig. parcela mínima de algo
segunda-feira, 23 de abril de 2018
Trivialidades
apegarei-me aos instantes
recordando tua paisagem,
não por puro orgulho
de lê vastidão
ou por luxúria que existas
mas pela trivial desventura
de tocar-te com os olhos
e recordar
Que vivo!
Oooh! E eu
(amo os olhos)
a leve revelação
recordando tua paisagem,
não por puro orgulho
de lê vastidão
ou por luxúria que existas
mas pela trivial desventura
de tocar-te com os olhos
e recordar
Que vivo!
Oooh! E eu
(amo os olhos)
a leve revelação
faz tempo que a superfície
ao piscar teu reflexo
imensa te vejo maior
do que as madrugadas
(amar os olhos)
ao piscar teu reflexo
imensa te vejo maior
do que as madrugadas
(amar os olhos)
quando a onda chega
debruçada e olha
faz assim a memória
retornando
feito onda
recordando
amanhã.ontem.
agora,
Oooh! Só tua imagem
debruçada e olha
faz assim a memória
retornando
feito onda
recordando
amanhã.ontem.
agora,
Oooh! Só tua imagem
sábado, 14 de abril de 2018
Sei-Lá
Talvez tentando salvar a mim mesma ou alguma coisa, tenha parado pra escrever, sobre as coisas que me fitam de modo abstrato nos olhos; até sobre o magico que abriu o jornal e jorrou sangue, as crianças achavam que era mais um truque; foi quando vi os bois enfileirados e pareciam planejar um modo de virar o jogo; foi tentando tragar mais um cigarro que torrei a mente com mais de 4.700 substâncias quimicas; foi fazendo sinal de fumaça que botei fogo ao rosto; e agora me diz o que você vê? além do cinza diziam que os biscoitos cozinham amanteigados; foram mais de 24 avisos e sabe, o quanto aguardei contato e sabe, foi muito tarde pra saber que esquecia; Desse modo que a gente finca o pé na areia aguardando seguro; Desse medo profundo, que a gente sabe por onde, e sabe-se lá se sabe...
terça-feira, 10 de abril de 2018
Marcella
Aprendo a ti com suavidade
Desfruto teus versos
Escrevo a ti desprevenida
Declamo teu gesto
O lábio cereja
Fruto poesia
Há vezes que te leio inteira
E depois degusto e de novo
Posso te reinterpretar Todas as vezes
Desfruto teus versos
Escrevo a ti desprevenida
Declamo teu gesto
O lábio cereja
Fruto poesia
Há vezes que te leio inteira
E depois degusto e de novo
Posso te reinterpretar Todas as vezes
Fiquei nervosa pensando no quanto ficava nervosa, e o que me vinha era vontade de rasgar o verbo, bem à frente, um verbo daqueles supostamente bem feito
Minha alma tem um pouco daquela vivacidade que assistia o corpo desfeito
Desde que saí de um lugar desconhecido, que me tenho perdido. Mas é que já me encontrei perdida, e fico nervosa quando me perco.
Faz tanto sol em meados de agosto, e gosto quando chove desprevenido bem chuva de verão. Mas tem dias que é só tempestade, sabe daqueles acessos, faz dias que são assim, mas não lamento o poder da natureza, não há mal nisso, e por isso sei que experimento a alegria como um estado de permanência
Pra fazer menção de que estou viva, publico fotografias, imagina as paredes de uma casa, tudo vermelho, o que você vê? Olha bem pra dentro dessa casa. Descreve pra mim esse sentimento.
Você também se sente perdido, eu sinto. Podemos sair e tomar aquela brisa que faz gostoso em agosto. Gosto desse gostar tranquilo. Mas é
O impossível que não tenha notado que alguma coisa aconteceu, considerando a hipótese, sei lá. Fica difícil dizer que não aconteceu, ou não dizer.
O impossível que não tenha notado que alguma coisa aconteceu, considerando a hipótese, sei lá. Fica difícil dizer que não aconteceu, ou não dizer.
sábado, 7 de abril de 2018
cárcere
hoje estamos presos
é bem verdade que vi o olhar da criança
e elas correndo esparramando o litro
é que hoje a gente acorda
e sabe que está preso
sem ver sentença apenas presos
abrir os olhos e fechar
as crianças gritando alguma coisa
que a gente deixou de dizer
estaremos livres quem sabe amanhã
mas hoje estamos presos e você sabe
assim como eu e todo mundo
é bem verdade que vi o olhar da criança
e elas correndo esparramando o litro
é que hoje a gente acorda
e sabe que está preso
sem ver sentença apenas presos
abrir os olhos e fechar
as crianças gritando alguma coisa
que a gente deixou de dizer
estaremos livres quem sabe amanhã
mas hoje estamos presos e você sabe
assim como eu e todo mundo
quarta-feira, 4 de abril de 2018
Saudade
Febre olhar enredado na colcha de rosa
Voltara-se fervilhada a estação
Sentia murchar das dobras do tecido
O restante de vida enrubescida
Apelara aos modos mais distintos
De pulverizar o sentimento embotado
Se por ventura ousada queimadura sob as chamas
Era de modo alvoraçado a quentura
A lhe cobrir até os pés
Tossia de modo impertinente
As cinzas que lhe cortinavam o corpo
Debruçada na mantilha da noite
Tardara a descobrir que se chamava
E de faísca conspirava o próprio nome
A chama inomeável
No intervalo das manhãs ferventes
Era relevante o engodo a chuva e o orvalho
Cantando-lhe sob o corpo sensações
Sentir-se flamada de verão
Desejava apagar em meio ao tempo
À qualquer exaltação de calor
Como quem nunca vira luz
Sentindo-a ferver
Dormitava feito botão fechado
Desfechos; sonhares calorosos
Fulgorava tarcituna no leito dos olhos
Bastava abrir ou fechar
E o tic tac
Era chegada a hora!
Inclinava-se que velasse em repouso
Soprar a porta um estrondo
Ergueria o corpo feito sol de domingo
Acendida pelo baque
Era bastante que surgisse
Assim como de repente lambendo
Toda incerteza de acordar aguardada
Raiar de um dia tua chegada
Voltara-se fervilhada a estação
Sentia murchar das dobras do tecido
O restante de vida enrubescida
Apelara aos modos mais distintos
De pulverizar o sentimento embotado
Se por ventura ousada queimadura sob as chamas
Era de modo alvoraçado a quentura
A lhe cobrir até os pés
Tossia de modo impertinente
As cinzas que lhe cortinavam o corpo
Debruçada na mantilha da noite
Tardara a descobrir que se chamava
E de faísca conspirava o próprio nome
A chama inomeável
No intervalo das manhãs ferventes
Era relevante o engodo a chuva e o orvalho
Cantando-lhe sob o corpo sensações
Sentir-se flamada de verão
Desejava apagar em meio ao tempo
À qualquer exaltação de calor
Como quem nunca vira luz
Sentindo-a ferver
Dormitava feito botão fechado
Desfechos; sonhares calorosos
Fulgorava tarcituna no leito dos olhos
Bastava abrir ou fechar
E o tic tac
Era chegada a hora!
Inclinava-se que velasse em repouso
Soprar a porta um estrondo
Ergueria o corpo feito sol de domingo
Acendida pelo baque
Era bastante que surgisse
Assim como de repente lambendo
Toda incerteza de acordar aguardada
Raiar de um dia tua chegada
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