quarta-feira, 19 de julho de 2017

transitivo

pego o caderno
e disparo
contra o efeito
do silêncio
que a multidão invoca

feito como se
no punho
portasse uma arma
uma droga
pra curar a violência
dos medos instantâneos

em curso
os faróis
imunes de sentido
acusam os classificados
me sinto heroína -
certamente
devaneio

nas laterais
do retrovisor
a vida vai correndo
a certos kilômetros
de distância
de algum lugar
que a gente procurou
e acho
que ainda mais
perdidos
mais ilhados

guardo o caderno
e com as mãos
livres feito folhas
de bananeira
dirijo à boca
um sorriso
não há motivo
a paz se instaura

quinta-feira, 13 de julho de 2017

O momento é quem vai falar

fumar um cigarrinho encostada no muro a modo de alongar 
o tempo e prender o pensamento

e penso no que pensaria se não fosse a cor do céu de manha

empurro a grade, aceno ao porteiro 
que veio do norte também 
que agora conversa com minha mãe 
e me acena com os olhos também

subo os degraus ao lado da janela iluminada de marrom, 
primeiro andar é só tocar a campainha, 
aguardar em silêncio, 
suspirar faz barulho demais.

Olá boa tarde eu estou bem, quer dizer, acho que desassossegada

O que é isso?

Me diga por favor que se estou maluca é melhor correr

Observo os olhos a janela 
e aceitaria mais um cigarro 
mas não peço que abra

Deitada me vaga o que ia dizer

Mas sei lá


*boogarins - 6000dias

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Recorde

Dos pontos da língua
alcançado depois 
daquele encontro 
de pernas
os lábios 
sua mão em meu músculo 
Em pasmo achei que tivesse ouvido a paz surfando na boca
Eu agradeço suas mãos de Vênus
Os mares no ouvido 
Alcanço o templo da calma 
na ponta da boca 
Seus lábios 
Repetidas vezes 

sábado, 1 de julho de 2017

Não temos tempo a perder

Sente a densidade 
dos átomos 
Além dessa paz
Desgovernada 
a paralisar Multidões? 
O que se busca? 
O que nos sobra
Além das mãos ao peito
De momentos profanos 
E estrelas apagadas 
Céu tempestuoso
Os bolsos lacrados
Tudo avulso no poema
Dizendo algo 
Que nos faz duvidar 
Das leituras 
Das normas de conduta
O amor fere é dentro
Do buraco
E a gente se enfia