domingo, 14 de junho de 2015

nós na poesia é incompletude

assim metade
meio míope
insossa
faltam alguns centímetros
decoro o som do passarinho
sem nicho produz
antes dos vizinhos 
os coadjuvantes da poesia
saírem
para trabalhar
acordar em tom do choro 
daquele bicho é
me aceitar ferida

mansa e maré
café de manhã
borro o mármore e
essa cara tão pálida 
não é mais de espanto
me aceitei metade
mas é verdade é que me falço falta
me sondo e busco motivos
nem do lugar pois 
o choro do passarinho 
sem ninho 
é onde habito

arritmia cardíaca
mais rápida do que as rimas
estou sim aceitando a falta de ritmo
subestimando as vírgulas estendidas 
no varal da licença poética 
situada em tudo aquilo que enfio 
goela 
A dentro
e fora nada parece tão concreto
apesar desses tantos prédios

Não vim inteira!

estamos a sós em nós
em alguma cidade da rua  
nas placas e muros pichados
A poesia
esquecida (como nós)
enrolados nós cabos de eletricidade
morrendo eletrocutados
pela cidade
o coração não bate
só clama poesia não se apague
mesmo que as paredes da cidade
não caibam tantas 
metades

estamos engolidos
procurando
abrigo sentido motivo
...o silêncio é tão grito quanto o choro daquele passarinho

2 comentários:

  1. Quando morrer, tu terás tua poesia te fazendo eterna.

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  2. Tuas metades e meios, rimas ou ausência delas, tua metáforas e ideais, me deixam completo e presentemente alegre com teu poema.
    Uma boa semana e um abraço.

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