terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Copo sujo
Calça suja, boca suja, copo sujo e alma imunda. Vida encardida, ela só quer me foder e eu não posso fugir. Casa bagunçada e um coração de merda, entregue às moscas. Coço o saco e o café aguado de ontem desce rasgando, um quadro maldito me faz lembrar do que a cana me fez esquecer, corro pro bar. Volto fodido e fedendo. Abro a porta; uma, duas, três, fecho. Apelo para a geladeira que se encontra vazia e logo sei o que há, eu sou como aquela geladeira, frio, vazio, mas cheio de espaços entupidos de mágoas. Lavo as mãos; um, dois, três, enxague, limpo. Não tão limpo, ainda sujo. Entrego-me ao choro engasgado, quebro a última taça que foi herdada de um parente insuportável, a vergonha estampada rotula a derrota de ser um nada, de estar nessa casa mal pintada, vivendo de solidão pois a minha própria companhia é um porre. Toc-toc, o som da noite chega, a cama me olha, eu olho para ela... Nosso romance é certo.
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