Ele está de bruços em um lago de flores mortas
a lua se esconde
esse lago é a alma dele
o céu está escuro de chuva carente
e seu rosto é uma poesia de quinta,
Hoje é sexta
Os pés pequenos são castigados
aquele chão rachado é berço de sementes secas
onde o alimento não floresce,
romance de uma vida ressecada,
Ele é o sertão
Esses sonhos vêm para a cidade
onde as ruas cinzentas mostram a solidão
as paredes são pichadas de nomes
no buraco de uma avenida vazia
esconde-se a ferida
Meninos com futuros furtados
sujos de maldade precoce
eles querem brincar e brincam com o medo
nos olhos eles carregam a felicidade perdida
nas mãos uma arma,
Inocência falida.
Ele sente fome de tudo
pede esmola sentado na calçada
fica feliz quando recebe um sorriso
Come um pão por dia
e divide com outro menino
sentindo fome de ser criança
divide o sorriso
No natal ele quer escrever uma carta
pedir doces ao Papai Noel
ele não sabe escrever
pega a navalha e vai buscar o presente,
Ele rouba
Ele mente