domingo, 30 de junho de 2024

Órbita

não te prometo os astros. 

sequer o anel brilhante de Saturno. 


ousaria te oferecer aquilo o que 

resguardei entre os dedos:

a Terra. em Transe. 

segunda-feira, 24 de junho de 2024

24/06/24

Faltam seis minutos para as sete da noite. Ontem apaguei, e sonhei com os diários de F. e A. Dentro dos dias dos meus poetas. Dentro dos dias. Dos dias, eu estou dentro, em sonho. Meus sonhos tem sido constantes estados de dias dentro dos diários, entro, mas não os recordo com a nitidez de quem os lê. Leio os meus sonhos como se estivesse sem óculos, como se pegasse ônibus sem óculos sem saber para onde vão. Para onde vão os ônibus? E os meus sonhos? Insisto em dormir. 

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Lattes

Poeta, professora e pesquisadora. Doutoranda em Literatura, Cultura e Contemporaneidade (Letras - PPGLCC) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Mestra em Letras no PPGLCC, com bolsa FAPERJ nota 10, pela PUC-Rio. Atualmente, realiza pesquisas na área de arquivos pessoais no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira, da Fundação Casa de Rui Barbosa. Graduada em Letras-Licenciatura pela PUC-Rio, atuou como estagiária e preceptora em escolas municipais do Rio de Janeiro pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência e pela Residência Pedagógica. Dedica-se aos estudos de literatura brasileira, arquivos pessoais de escritores e produções poéticas. Autora de Amante (Urutau, 2019) e O que fizemos das nossas delicadezas (Folheando, 2021).

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Espatifação

I

perco o poema, 
o poema já está perdido,
para mim, não sei o que há, 
se foi o tom o timbre o sim
não, sequer eu havia me dado conta
de que o poema tinha vida. 

II

este é o tema, 
a perdição,
me asseguro. 

III

sem segurança nenhuma, 
a rua se estreitou.

VI

se atrever é mais do que saltar,
talvez dar uns saltos,
pulo. 

V

agora já deu. o poema está espatifado. 

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Não vos entregarei

mais uma vez retorno à vizinhança,
creem que estou sumida, 
embora, convenhamos,
digo-lhes em sigilo: estou em perdição.

os arquivos devoraram a minha vontade 
de abdicar a memória ao esquecimento.

decidiram mordiscar o meu nome,
mas eu lhes dei, eles só roem aquilo
o que não lhes é de direito.

no seminário ela diz não posso
me comparar a você 
se ela soubesse
que é melhor não estar na minha pele.

ah, se eles soubessem o que é 
a poesia para mim 
...Não vou lhes vestir deste mistério... 

segunda-feira, 3 de junho de 2024

um filme póstumo

chegou a fatura do plano de saúde 
lembrei da fratura que ainda criarei 
a cor e o som dos hospitais

com um cigarro débil nas mãos
soa a minha pose de um filme
independente 
da cena

lembro de ontem
nas minhas lentes
quando eu já não mais tinha você 

sábado, 1 de junho de 2024

01 de junho 24

as vezes tenho medo de entrar de cabeça 

e quebrar a cabeça
pedra papel e tesoura
e se eu te confessar 

e quebrar a cabeça com as palavras

e se eu te disser, mamãe e papai
que estou com medo de entrar

e entrar de cabeça
sala cheia de livros 

tenho medo de quebrar
desde pequenininha
porque sou pequenininha

tenho medo de quebrar a cabeça
e entrar de vez

digam que eu mandei adeus