terça-feira, 23 de maio de 2023

mínima faísca

reparei-os pela manhã,

ao invés da cor dos terremotos
e da carne dos falcões, 

eu reparei seus olhos vermelhos

mais vivos do que a coloração 
da íris dos vulcões

no dia em que eu abrir 

o meu coração
a você você vai reparar

como é avermelhado 
o meu coração: 

basta uma mínima faísca. 

domingo, 21 de maio de 2023

meteoritos

meteoritos 
que se carbonizam
desaparecidos 

revelam no céu 
o ponto de luz 
respingando 

o rastro o rosto

estrelas 
que se apagam

mas antes uma luz
inesquecível

nunca antes vista:
teus olhos no colo da noite 

quarta-feira, 17 de maio de 2023

rabisco um sol no tronco

recordo dos dias joviais 
os quais eu te via pelo 
vínculo maciço da porta 

da sua figura de óculos da largura 
do rosto escuro, cintilando 
melado pelo sol esverdeado 
ao som da tarde macia 

eu queria era descascar 
uma tangerina sob o vínculo 
dos seus dedos, com zelo 
sob os nossos míseros pecados 

debaixo de uma oliveira 
contigo, eu que bem te vejo 
entrecortado de sol verde nítido 

maduro ao meu lado
debaixo da sombra dos rostos 
desajustados, o seu pescoço
meigo cheirando a mel de tangerina 

você me conta com detalhes 
sobre o seu passado, eu fico contente 
de passar o fim dos meus dias contigo

risco as nossas iniciais no tronco 
das olivas, brinco com o seu 
sobrenome na terra, rabisco um sol 
no tom do seu corpo amadeirado 

domingo, 7 de maio de 2023

onde dormem os barcos

inicio um poema de mãos ásperas 
da maresia que ilustrei o teu nome
coisa boba e rara 
um marisco,
o rabisco
ao chão uns grãos de areia da casa

eu te aponto que os poemas em
(teu nome) são passos entorno da 
     e
   n
 s
e
 a
  d
    a 

terça-feira, 2 de maio de 2023

bolas de gude

mas o jeito como você desliza
feito bolas de gude
pelas minhas pernas,

me faz sentir como se eu devesse 
começar todos os poemas 

dessa forma,
brincando com os teus olhos.