segunda-feira, 19 de setembro de 2016

ainda criança o vento se aliava
às corridas pelo bairro
crescido
tão agilmente
as pedrinhas por volta do parque
no centro da rua
criavam folia junto aos pés
que pouco firmavam estadia ao chão
tamanha era vontade do ser
tímida buscava um buraco
onde se esconder
fazia disso brincadeira
e me sentia muito inadequada
quando surgia à luz de olhos arregalados
que moravam dentro do que
se fazia em mim
tinha estórias pra contar enfim
alugava diário cor lilás sabia
só página vazia suportaria
tanta infância
me descobri sozinha
levava as mãos em suspense
até locais onde a pele frisava em eriço
tamanha ousadia
o corpo como trilha desfrutava
da curiosidade dos gestos
e se revelava
um país das maravilhas
como lia nos contos apanhados
na estante do meu pai
toda vez quis buscar estrela subindo
no banco da cozinha corria
subia
e não tem luz
antes ou no instante que narro estória
nem agora
mas a infância
permanece ainda aqui
no verso na astúcia dos dedos
pendurada no quadro na mesa da sala
em tudo que escrevo

terça-feira, 6 de setembro de 2016

E agora?

uma chave na mão e o corriqueiro suspense entre a dobradura ventilada dos pulmões carbônicos. tudo é molécula entretanto vi na lagoa um brio ensebado que caso contrário fosse apenas modo de imaginação em ativo por necessidade de matéria, não criaria dúvida. existe quase tão em rasgo então o escasso encontro espaço pra se expressar - assim ágil. noto a falta de horas enquanto os olhos aglomeram o relevo dos números, tais quais adjuntos às vezes que traíram o sono no intuito desse café pela manhã. não é sentido, veja bem, tanto quanto àquelas estradas, palavras seguem rotas. é seguro, desacredite no que exprimo, força pasma gera falsa sensação de estabilidade. Durmo, não durmo, escuto os meus pensamentos e enquanto escrevo? E então? Novamente perguntas. caso queira o destino (creio usar as palavras certas) me submeter à vontade de não bater a porta - Realmente não bato, nunca houve.